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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Basura: entre recicladores y avivatos

Por César Rodríguez Garavito



Huele mal la licitación de las basuras en Bogotá. Como por arte de magia, han aparecido miles de “recicladores” afiliados a asociaciones creadas a última hora para sacar tajada de las reglas del concurso, que buscaban favorecer a los verdaderos recicladores, los que llevan años escarbando en la basura y prestando un servicio ambiental que no tenía precio.
La razón es que ahora el negocio tiene precio, y muy alto. En el proceso se juegan $2,5 billones, por los que pujan poderosas empresas que, por efecto de fallos de la Corte Constitucional, deben asociarse con organizaciones de recicladores para licitar. De modo que el oficio de reciclador —el “desechable” que todo el mundo aborrecía— ahora es la profesión de moda entre avivatos de todo tipo.
La entidad encargada del asunto (la Uaesp) sigue sin explicar cómo va a filtrar a los oportunistas y cumplir las decisiones de la Corte que protegen a los recicladores. Por eso la misma Corte suspendió la licitación el jueves pasado, mientras se desenreda una historia de varios años de corrupción, ineficiencia y discriminación contra los recicladores.
Todo comenzó en 2003, cuando la segunda alcaldía de Mockus intentó sacarlos del mercado, al adjudicar la pasada licitación. Cuando la Corte falló una tutela a favor de los informales, era demasiado tarde: la Alcaldía ya le había entregado el negocio al sector privado y excluido a las cooperativas de recicladores. Las mismas cooperativas que, en 1990, habían fundado la Asociación de Recicladores de Bogotá y habían convertido a cientos de recolectores pobres en pequeños empresarios que accedían, por primera vez, a un ingreso estable y a la seguridad social.
Así lo vimos quienes estudiamos las cooperativas y acompañamos a sus miembros en sus recorridos callejeros en las heladas noches bogotanas. Así lo reconocieron fundaciones de todo el mundo, que escogieron a Bogotá como sede del primer encuentro internacional de recicladores, en 2008.
Como el daño ya estaba hecho, la Corte le advirtió al Distrito que en futuras licitaciones incluyera “acciones afirmativas a favor de los recicladores (…) a fin de lograr condiciones reales de igualdad”. La advertencia se materializó en 2009 en Cali, cuando la Corte tumbó la licitación de basuras de esa ciudad por no haber tomado esas acciones.
A pesar de esos precedentes, la administración de Samuel Moreno volvió a marginar a los recicladores. Primero lo hizo con la adjudicación del relleno de Doña Juana, que la Corte también suspendió. Y reincidió en la actual convocatoria, en la que la Corte ha intervenido varias veces para atajar los goles que la Uaesp le ha querido meter a sus fallos y a los recolectores.
Presionada por la Corte, la exdirectora de la Uaesp rediseñó a las carreras las reglas del concurso, antes de ser destituida por la Procuraduría por malos manejos en Doña Juana. Con semejante improvisación y procedencia, no sorprende que las nuevas reglas estén generando un caos en la licitación y resulten inconvenientes tanto para los recicladores como para las empresas de aseo.
Tampoco sorprende que la Uaesp haya validado dudosas organizaciones de recolectores informales. Entre los “recicladores” descubiertos en un informe de La Silla Vacía hay un exsargento del Ejército que sostuvo ante las cámaras que “al ver que había tanto abandono de los recicladores y que unos se creen recicladores y no reparten, por eso me metí yo”.
Por eso mismo se debe meter la alcaldesa (e), quien tiene la capacidad técnica y la responsabilidad política que no tiene la Uaesp. Al asumir el proceso, la alcaldesa López debe comenzar por dar las explicaciones que pide la Corte y seguir por replantear las reglas de la licitación sobre reciclaje. Tiene pocos días para hacer lo primero y escasos meses para hacer lo segundo. Y mostrar que es posible hacer una adjudicación limpia, donde quepan las grandes empresas y los recicladores genuinos.
*Miembro fundador de Dejusticia (www.dejusticia.org).
Fonte: Elespectador.com (22/08/2011)

sábado, 20 de agosto de 2011

“LIXOS URBANOS”

De: Jair do Amaral <jaircrescer@terra.com.br>


Algumas embalagens “ditas” recicláveis são verdadeiros “lixos urbanos”. 
Nas maiores e melhores das intenções as pessoas e cooperativas de reciclagem, acreditando na “causa” e na importância da coleta seletiva para geração de trabalho, renda e preservação ambiental, separam, coletam, processam, armazenam e “tentam” comercializar algumas embalagens que são, no mínimo, inconvenientes nesse meio ambiente.
O nosso e já bem conhecido símbolo da reciclagem está lá, demarcado nessas embalagens, mas as realidades logísticas, operacionais e mercadológicas desses resíduos os transformam em verdadeiros LIXOS no meio da reciclagem.
Cadê as empresas fabricantes destas embalagens ou que as utilizam para “abrigar” suas mercadorias ou produtos?
Cadê os fabricantes e utilizadores das embalagens laminadas que não oferecem as mínimas condições para que esses resíduos não vão parar no rejeito ou aterro sanitário? 
A destinação final é um transtorno pela falta de cliente. Quando este é localizado suas exigências de estoque e preços de compra são, no mínimo, uma brincadeira. As pessoas separam, a cooperativa coleta, tria, prensa, armazena e a comercialização é uma incógnita ou é feita só para não destinar ao aterro sanitário. As cooperativas são armazéns desse lixo, pois sua reciclagem não gera renda, só trabalho.
Nessa mesma toada podemos citar também as embalagens longa vida. Preço de mercado insignificante perante o trabalho que gera. Neste caso temos o agravante de que essas embalagens geram mau cheiro e atraem insetos e outros vetores que alimentam-se da podridão desses resíduos enquanto também é buscada uma alternativa rentável de comercialização. Difícil... Valor de mercado ridículo e exigências de estoque são para que as cooperativas fiquem com esse Lixo até não agüentar mais e “doar” para alguém.
Outra situação que é um absurdo é a do vidro. Esse material é o que mais gera acidente de trabalho numa cooperativa, é o que mais trabalho dá e o que menos renda gera. Sempre foi um transtorno. Para ser rentável, só vendendo para “garrafeiros”. Mas se uma cooperativa resolve fazer isto corre um sério risco de se ver envolvida com falsificação de bebidas, perfumes ou embalagens ilegais de palmitos, etc. 
Cadê os fabricantes e “utilizadores” destas embalagens? Onde está a logística reversa? Quando o valor desse “lixo” gerará renda para os catadores?
A incoerência é transparente quando falamos das tão famosas sacolinhas plásticas. Essa embalagem que tem (tinha) excelente valor de mercado e realmente gerava renda, além de trabalho, foram as escolhidas por supostos ambientalistas de escritório e especialistas na arte dos Erres (Rs) para demonstrar o desconhecimento na área.  Ainda bem que a justiça avaliou os empregos que estavam em jogo com esta ação paliativa de redução de resíduos. A utilização ou não do resíduo deve partir do consumidor e não proibir a embalagem, ao menos nos casos das verdadeiramente recicláveis e que geram renda na coleta seletiva. É a mesma situação de uma lei que proibiria a garupa nas motos para reduzir os assaltos. Prefiro que proibam as embalagens de salgadinhos, bolachas, bandejinhas de isopor, longa vida, etc…
Cadê os fabricantes ou utilizadores das embalagens de papelão colorido (misto – caixas de sapatos, pizzas, remédios, perfumes, enfim, quase tudo). Diferentemente das embalagens longa vida, essas não geram mau cheiro e não atraem ratos, baratas e insetos diversos, mas seu preço de mercado sempre foi ridículo e não vislumbramos a intervenção dos geradores desse “lixo” para que isso mude.
Cadê os fabricantes ou utilizadores das embalagens de Iogurtes (P.S.).  Mesma situação da longa vida, ou seja, difícil comercialização, péssimo na geração de renda  e atrativo de vetores diversos.
Podemos ir além e citar outros (isopor, jornal, revista, acrílico, tubos de TV e computador, lâmpadas, óleo vegetal usado, etc)... 
Já faz mais de um ano que a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada e este artigo/manifesto vem de quem trabalha e tenta fazer da coleta seletiva uma atividade rentável para populações em situação de risco social e que tem nesta atividade a clara situação prática do tripé da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Chamo aqui a atenção desses fabricantes e marcas geradoras de resíduos não rentáveis e inconvenientes à coleta seletiva para que façam sua parte no compartilhamento da responsabilidade pra que estes “lixos urbanos” tornem-se resíduos recicláveis rentáveis.
JAIR DO AMARAL – COOPERADO FUNDADOR
COOPERATIVA DE RECICLAGEM CRESCER
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