O aumento da produção e do consumo de bens eletrônicos pode levar o
mundo a uma situação preocupante: risco de escassez de recursos naturais,
devido aos baixos índices de reaproveitamento e reciclagem dos produtos. Esse é
o cenário apresentado pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais
A afirmação é baseada em relatório da Comissão Europeia, segundo o qual
14 matérias-primas minerais, entre elas ouro, cobre, cromo, nióbio e lítio, já
estão em estado crítico de escassez no mundo. “Se a extração desordenada
prosseguir, o ouro pode se extinguir em menos de duas décadas”, aponta Carlos
Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE, ao destacar que o metal é um dos
principais componentes das TVs de LCD e LED.
Silva Filho alerta ainda que, se não houver uma alteração nos hábitos e
padrões de produção e consumo, os índices negativos tendem a se agravar, e
apenas um planeta não será suficiente para satisfazer a demanda da sociedade.
“De acordo com recente pesquisa à qual tivemos acesso, se todos os habitantes tivessem,
por exemplo, os mesmos hábitos de consumo dos Emirados Árabes Unidos, seriam
necessários mais de cinco planetas Terra”, compara.
A solução para esse problema contempla, entre outros aspectos, a
implementação da gestão de resíduos sólidos baseada em uma hierarquia de ações
que priorize a redução, o reuso e a reciclagem, aliada a sistemas de logística
reversa. “No caso específico do Brasil, a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, em vigor desde 2010, estabelece regras para isso. Também já estão
sendo estabelecidos os primeiros acordos setoriais que vão pautar a logística
reversa de uma série de produtos”, explica o diretor, ao salientar que a adoção
da logística reversa, assim como adaptações no processo produtivo, são
fundamentais para garantir o reaproveitamento dos materiais, principalmente dos
metais e minerais ameaçados.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a
geração de lixo eletrônico no mundo cresce cerca de 40 milhões de toneladas por
ano, dos quais 80% acabam em países em desenvolvimento e são responsáveis por
70% dos metais pesados encontrados nos aterros e lixões, que contaminam solos e
recursos hídricos. Atualmente, o Brasil produz mais de 100 mil toneladas de
lixo eletrônico por ano, e está entre os países que mais descartam televisores
– 700g/habitante/ano –, ficando atrás apenas do México e da China.
“O setor de resíduos tem o potencial de alterar esse quadro dramático e
preocupante de escassez de uma série de matérias-primas e além disso também
contribuir de maneira efetiva e diferenciada para a redução das emissões de
gases de efeito estufa, desempenhando um papel fundamental no encaminhamento de
ações direcionadas ao desenvolvimento sustentável”, conclui o Silva Filho.
Fonte: http://ciclovivo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário