(Fonte: Jornal da Unicamp)
(Foto: Jornal da UNICAMP)
Um
estudo conduzido na Unicamp apontou a viabilidade de reciclar o
resíduo do gesso proveniente da construção civil. A
pesquisa, desenvolvida pela engenheira civil Sayonara Maria de Moraes
Pinheiro, atestou a possibilidade de recuperar o material, mantendo as mesmas
propriedades físicas e mecânicas do gesso comercial. O crescimento da
construção civil no país na última década tem acentuado o descarte
inadequado do resíduo no ambiente, que pode contaminar o solo e o
lençol freático.
“Com
a investigação mostramos que é viável recuperar um resíduo que não era
considerado possível de ser reciclado. Tanto que não existem usinas de
reciclo para este material no país. Estima-se que o resíduo do gesso represente
em torno de 4% do volume do descarte da construção civil, que no Estado
de São Paulo corresponde a mais de 50% de todo o resíduo sólido
urbano gerado”, evidencia a engenheira civil.
PRODUÇÃO DO GESSO
Ela
explica que o segmento gesseiro nacional encontra-se em expansão. A taxa
de crescimento anual é da ordem de 8%, com expectativa de crescimento
ainda maior, segundo dados do Sindicato da Indústria do Gesso de
Pernambuco. O incremento se deve, conforme a engenheira, principalmente, à
disseminação de sistemas construtivos alternativos, ao baixo custo
do gesso e ao alto teor de pureza das jazidas de gipsita nacional.
“A
extração da gipsita representa 1,9 milhão de toneladas por ano no Brasil. O
polo Gesseiro do Araripe é responsável pela maior parte desta
produção, tendo como principais consumidores os Estados da região Sudeste.
O polo é constituído por 37 minas de exploração, cerca de 100 calcinadoras
e, aproximadamente, 300 pequenas unidades produtoras de componentes,
a maioria com processos artesanais”, detalha Sayonara Pinheiro. O volume
de resíduos gerado por essas unidades produtoras representa,
de acordo ela, massa significativa para proporcionar reciclagem
industrialmente.
LEGISLAÇÃO
No mesmo ano da defesa do estudo de Sayonara Pinheiro, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) publicou resolução nº 431 estabelecendo uma nova classificação para o gesso. A resolução altera a classificação do material. Antes, ele era agrupado na categoria de “resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação”. Agora, a deliberação inclui o gesso na categoria de “resíduos recicláveis”, tais como o plástico, papel, papelão, metais, vidros e madeiras.
No mesmo ano da defesa do estudo de Sayonara Pinheiro, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) publicou resolução nº 431 estabelecendo uma nova classificação para o gesso. A resolução altera a classificação do material. Antes, ele era agrupado na categoria de “resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação”. Agora, a deliberação inclui o gesso na categoria de “resíduos recicláveis”, tais como o plástico, papel, papelão, metais, vidros e madeiras.
“Mesmo
que haja segregação deste resíduo na obra, encontramos um problema: a
ausência de local para descartá-lo e a inexistência de usinas de reciclo. E
porque não existem as usinas de reciclagem? Porque a Resolução do
Conama que recomenda a reciclagem do resíduo é recente, e as pesquisas
relacionadas ao processo de reciclagem e ao conhecimento das
características do gesso reciclado são incipientes. O objetivo do nosso
estudo foi justamente avaliar essas propriedades no material
reciclado, desenvolvido em modelo experimental”, revela a
pesquisadora.
RECICLAGEM
O modelo experimental para a reciclagem do resíduo constituiu, de acordo com ela, nas fases de moagem e calcinação. Após estas etapas foram avaliadas as propriedades físicas e mecânicas do material reciclado. “Os resíduos foram submetidos a ciclos de reciclagem consecutivos. Com estes ciclos, nós queríamos verificar se era possível reciclar o gesso, que já havia passado por processo de reciclo. Chegamos até o 5º ciclo de reciclagem e o gesso apresentou características químicas e microestruturais similares ao longo de todo o processo. Podemos inferir, portanto, que ele pode ser reciclado indefinidamente”, conclui.
Os
ciclos de reciclagem provam, segundo a engenheira, que o gesso da construção civil
pode ser totalmente sustentável. “Pode-se utilizar o resíduo do gesso em
diversos ciclos de reciclagem, que é uma das diretrizes da sustentabilidade no
setor. Além disso, evita a extração da matéria-prima de fabricação do
gesso, que é a gipsita”, complementa Sayonara Pinheiro.
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